Página:Uma campanha alegre v1 (1890).pdf/126

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é a conquista! A pena de pato da Nação é pois uma lança disfarçada. Toda a mágoa da Nação é que Cacilhas não seja moura! Se o fosse, a Nação vestia a sua armadura e ia lá, num bote! Mas Cacilhas, a fiel Cacilhas, não é moura! Ai!

A Nação, pois, condena a indústria. A Nação julga a indústria uma causa de ruína moral para o País. A Nação, para que se mantenha pura e sem mistura a tradição heróica de Portugal, quer que se proíba a indústria!

Portanto, logo que a Nação triunfe e Pontos de Reticência I suba as escadinhas do trono, a indústria será punida pelos códigos, como perturbadora da ordem e contrária aos destinos nacionais. E o sr. delegado do procurador régio promoverá ordem de prisão contra o insensato que em desprezo das leis, e afrontando o sagrado depósito das nossas instituições, ouse fundar — uma saboaria.

Ouviremos então, na audiência, o mesmo sr. delegado, apontando com o fura-bolos vingativo para o mísero, curvado na dor e no arrependimento, sobre o banco dos réus:

— «Pois quê! senhores jurados, não vedes que o réu lançou uma mácula nas nossas tradições impolutas? Faltava porventura a esse desgraçado onde exercer a sua actividade? Não tinha ele as muralhas de Diu? Não podia ele ir redobrar o Cabo?