E derruba um terceiro jogo, e cada vez promete maior seriedade, e cada vez espalha maior confusão, e todo o mundo sorri em redor!
Às vezes — funesto momento das revoltas humanas! — o irmão mais velho, cansado, termina por atirar furiosamente à cabeça do pequeno o baralho de cartas amarrotadas.
Pois bem, o discurso da coroa tem na política a atitude teimosa da criança que joga a bisca.
No começo de cada legislatura, o discurso da coroa declara gravemente:
— Desta vez vamos ocupar-nos com toda a seriedade da questão da fazenda, etc.
Mas durante a legislatura vem a confusão, a dissolução. O poder executivo tinha mau jogo, e deitou as cartas abaixo.
Surge outra Câmara. Volta no seu cerimonial o discurso da coroa. Diz:
— Da vez passada não valeu! Mas agora é que nós vamos aplicar-nos com o maior zelo à questão da fazenda...
E nessa legislatura, como a confusão se alarga mais, é imposta uma nova dissolução.
Reabre-se a Câmara. O discurso da coroa entra esbaforido, bradando:
— Agora é que é a valer! Agora é que é! Das outras vezes não! Mas agora com toda a certeza!