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Agora é que nós vamos, positivamente e de uma vez para sempre, resolver a questão da fazenda...

E nada se resolve, trocam-se palavras vãs, especulam-se lugares rendosos, profundam-se dissidências mesquinhas, e baralha-se outra vez o jogo.

E aí vem o discurso da coroa abrir de novo as cortes, rosnando com a mão no peito:

— Pois senhores, palavra de honra, agora a todo o custo, impreterivelmente, havemos de resolver a questão da fazenda, etc.

Ora nós estamos vendo isto ao canto da sala, atentos e desinteressados, enquanto ferve o chá, e já percebemos, no irmão mais velho, um movimento de quem vai atirar com o baralho de cartas à cabeça do pequerrucho.

E francamente tem razão. A teima das crianças — como a teima das instituições — chega a irritar! Se não, que o digam o mestre régio das Mercês — e Félix Pyat.

Singular temperamento o do discurso da coroa! Todo o mundo está desiludido, só ele espera! Segundo ele o País floresce, enriquece, e o Paraíso está ainda mais perto que a Outra Banda. E tentarmos um passo, um leve esforço, e entrarmos para sempre na tranquilidade augusta da perfeição — chegando a dispensar o Sr. Melício, ele próprio! Há só um ponto negro que assusta o discurso da coroa: é a questão da fazenda. No entanto, o discurso da coroa, cada vez que aparece em público, promete resolver a questão da fazenda.

Desta vez, porém, o discurso da coroa foi sobretudo chamente noticioso. O poder executivo, num momento de adorável franqueza, confessou ao poder legislativo que S.

M. o Imperador do Brasil tinha estado em Lisboa. É talvez bastante censurável esta concorrência que o discurso da coroa faz ao Diário de Notícias; mas ele realmente não pode proceder