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Respeitemos, submissos, este processo policial.

O redactor de um dos mais vivos jornais de Lisboa contava-nos pouco depois, na redacção, que vira na véspera alguns polícias, diante de um homem com um acidente, tratando de lhe fazer voltar os espíritos à força de pontapés na cabeça: o homem rebolava no chão; os polícias então davam-lhe pontapés no estômago. Talvez a Medi-cina não siga inteiramente este sistema de curar acidentes: no entanto a polícia tem essa opinião terapêutica, e nós não podemos contestar a ninguém o direito de divergir, em questões de ciência, da Escola Médico-Cirúrgica. O acidente tratado pelo espancamento

é uma teoria. E boa? É má?... Em todo o caso é respeitável.

Somente nos parece que, visto a polícia possuir este método específico, que ela decerto julga proveitoso porque o usa, não lhe poderia custar muito um pequeno trabalho a mais — e o Governo deveria encarregá-la de tratar os cidadãos enfermos.

Poupávamos assim a despesa com a Escola de Medicina. Quando alguém se sentisse doente, chamava da janela o polícia da esquina; e este benemérito, depois de tomar o pulso e reconhecer a autenticidade