os homens mansos, mais estimamos os bichos bravos... Mas entendemos que as feras se portam mal, entram no domínio do ilícito, mostram uma ambição indesculpável, excedem as suas atribuições de fera — querendo acumular a qualidade de melhoramentos municipais. Um crocodilo é decerto estimável: mas ver-se-ia superiormente embaraçado quando a câmara, no seu zelo febril, o encarregasse de substituir um passeio público. E por seu lado o habitante não se daria por extremamente satisfeito, no dia em que nos passeios, para fazer as vezes de árvores, se enfileirassem lobos!
A câmara, na sua inteligência, deve compreender que o bicho não é inteiramente o equivalente do edifício.
Nunca a câmara viu, por exemplo, S. M. El-Rei passear as ruas a cavalo no
Arsenal. Portanto não é justo que nas praças, em lugar de dar ao habitante fatigado um banco de madeira — ela lhe ofereça o dorso de um rinoceronte.
Deste modo toda a cidade corria o risco de ser em breve mordida pelos melhoramentos municipais. E seria desagradável que os jornais noticiassem: «Ontem, a
última obra em construção devorou na Rua Nova da Palma uma criança de cinco anos, ficando depois a lamber os beiços, de regalada...