de empregados públicos. A carestia da vida, os altos alugueres, o preço do fato, uma certa necessidade de representação que domina a gente de Lisboa, tudo isto deixa a bolsa cansada, incapaz de teatros. O teatro é caro. Uma noite de teatro pode levar a uma família 3$000 réis de camarote, 1$500 de luvas, 1$500 de carruagem no Inverno — ao todo 6$000 réis. 6$000 é a quinta parte de muitos rendimentos mensais — da pluralidade dos rendimentos. Por consequência a afluência aos teatros é pequena. Naturalmente, com a sala deserta, o cofre do teatro não se enche. Daí dívidas, complicações, e falências.
Tal é o perfil do estado geral dos nossos teatros, a largos traços.
Perante esta situação ocorre naturalmente esta pergunta: qual é a atitude do Estado, respectivamente aos teatros?
É esta:
O Governo não dá nada aos teatros nacionais;
E dá 25 contos a S. Carlos!
Ora que o Governo nos responda: — «É o Governo obrigado a auxiliar e a subsidiar a arte teatral?»
— Não. — Então para que dá subsídio a S. Carlos?
— É. — Então para que deixa sem subsídio o teatro nacional?