muito bem entreter a sua noite jogando as damas, ou lendo o Panorama. A corte ainda não leu o Panorama? Ah! pois aí está. Não imagina que fonte de distracções! A corte quer teatro? Que vá ao Salitre! Passa-se muito bem, a 1$500 cada camarote. A corte pode ali gozar a sua soirée regaladinha, e ir depois tomar sossegadamente o seu chá. De resto se a corte se distrai à nossa custa — então devemos intervir nos seus divertimentos. Se temos de pagar a iluminação, os cantores, as rabecas — que nos seja dado o direito de dispor e regularizar os seus prazeres. O poder moderador não poderá mais ir a S. Carlos sem pedir licença à opinião pública. E a opinião pública ficará no seu legítimo direito de responder: «Não senhor, o poderzinho moderador fica hoje em casa: ontem o poder foi ao teatro, hoje vai estudar a sua política: e nada de choramigar, senão ferramo-lo no quarto escuro!»
E quanto à diplomacia, não nos parece que o País tenha obrigação de a distrair. Os seus governos e os seus reis que a distraiam! Os srs. diplomatas que comprem soldadinhos de chumbo, ou que frequentem o Martinho! De resto a diplomacia é bem audaciosa em pretender divertir-se! Intenta ela estabelecer uma excepção insultuosa aos costumes nacionais? Aqui ninguém se diverte! Suas Ex.as