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Página:Uma campanha alegre v1 (1890).pdf/374

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Ora se os cemitérios datam apenas deste tempo, segundo afirma o Bem Público, se só têm a sua razão de ser desde que a teologia teve a sua razão

O excelente jornal, o Bem Público, num artigo amargo e piedoso, trabalhado com doçuras de sacristia e repelões de sala de armas, de resto subtil e curioso — dá-nos a honra de sacudir, com a sua pesada mão católica e romana, três pobres artigos das

Farpas. de dominar — o que acontece? É que todos os mortos, desde Nemrod, estiveram aos milhares e aos milhares, enfastiados, de braços cruzados, esperando que a teologia lhes permitisse deitarem-se nos seus sepulcros. Horrorosa antecâmara! Esperaram séculos! E vinham mais, e mais, e mais! Em que se entretiveram tanto tempo, envoltos nos seus sudários, impacientes pelo seu enterro? Oh! sábio Bem Público, diz-no-lo, tu que o sabes! Se os homens só foram enterrados desde que a teologia se fixou em grossos tornos — em que lugar tenebroso aguardaram o seu dia de sepultura os primitivos árias, os luminosos índios, o persa trabalhador, o grego erudito e subtil, os milhares de habitantes do império romano, as raças que viveram junto ao Nilo, e os povos bárbaros que habitavam o norte da Europa, e todos os habitantes de todos os continentes, de todos os séculos? Di-lo, sábio Bem! Será verdade que eles passeavam pelo éter, fumando o seu cigarro — à espera que Santo Agostinho nascesse? Como tu és instrutivo, oh Bem! Só há cemitérios onde há teologia católica. E corno explicas então os cemitérios modernos de Constantinopla e do Cairo, e os de todos os países maometanos, e