onde está Rue Vivienne, põe-se Beco do Fala-Só. Os jornais aplaudem, o Rei preside ao espectáculo, e todo o mundo vai tomar chá com emoção.
Mas é necessário por vezes que haja obras originais. Nesse caso imita-se do mesmo modo, mas põe-se no cartaz: original. Que importa? Sabem-no apenas três ou quatro amigos. Ou faz-se deveras uma coisa original. A dificuldade não está em obter os nomes das personagens. Uma acção também se alcança: há muitas feitas — a filha per-dida e depois achada, o cofre roubado, o fidalgo arruinado, o homem do povo sublime, etc. O difícil e fazer falar esta gente Neste lance, o dramaturgo nacional tudo explora e tudo aproveita: vai, procura, tira aqui, copia ali, arranca frases dos Miseráveis, gracejos do Sr. Luís de Araújo, discursos do Sr. Fontes ou de José Estêvão, tratados de Economia política, pedaços de artigos de fundo, sermões (muitos sermões!), recorta, cirze, cose, remenda, cola aqueles pedacinhos à língua de cada personagem, salpica-os de gestos de desespero, faz esguedelhar os cabelos, ensaia músicas tristes para os finais de actos (puxando assim ao sentimento o arco do rabecão), manda levantar o pano — e repousa na imortalidade.