urnas do feitio de caixas de açúcar, do feitio de vasilhas, do feitio de chávenas, etc.
Os candidatos gritam sempre, no último período dos seus manifestos, transportados de furor constitucional:
— Cidadãos, à urna!
E puramente uma denominação sentimental.
Para serem exactos deveriam exclamar, em certas freguesias:
— Cidadãos, ao caixote!
E noutras:
— Cidadãos, à vasilha!
Ora, apesar desta nomeação aparatosa e de grave cerimonial, o deputado é tão igualmente funcionário como se fosse nomeado por oito linhas triviais e burocráticas do
Diário do Governo. O deputado obedece ao Governo, e exerce uma função. Há o apagador, o gritador, o interruptor, o homem dos incidentes, o homem dos precedentes, etc. E quando desagrada, é demitido. Somente não se diz demitido. Diz-se, com menos asseio, dissolvido.
O Governo pois nomeia os seus deputados. Estes homens são, naturalmente e logicamente, escolhidos entre os amigos dos ministros. Por dois motivos:
1º Porque a amizade supõe identidade de interesses, confiança inteira.
2º Porque sendo a posição de deputado ociosa e