Página:Uma tragédia no Amazonas.djvu/12

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É um desses caminhos de poesia selvática que se insinuam sob as abóbadas do arvoredo, parecendo destinados somente ao encanto do olhar.

A sua direita ostenta-se com toda a opulência, a mata virgem do Brasil, enredada de cipós que descrevem as mais caprichosas curvas, entre os idosos troncos guirlandados de parasitas, onde mil macaquinhos ligeiros soltam inquietos gritos, suspensos pela cauda, ou voando de ramo em ramo.

Do meio das moitas de arbustos, saem, às vezes, cobrinhas, que atravessam a picada avançando prudentemente para o outro lado.

À esquerda desliza o afluente do Amazonas, murmurando ao entrar nas criptas formadas pelas rochas alcantiladas, que se empinam sobre as águas, ora calvas, ora cobertas de vegetação.

No lugar em que esta estrada desemboca da floresta, erguia-se, há alguns anos, uma habitação de aparência alegre, caiada de branco e edificada de maneira que causaria pasmo a quem não esperasse encontrar o civilizado em lugares onde a natureza é a rainha.

Quase mergulhada em um magnífico roseiral, tinha essa morada por única trincheira uma cerca de varas retorcidas, que ia terminar junto à palissada do redil do gado.

Aí residia Eustáquio de..., subdelegado de polícia, na freguesia que abrange S. João do Príncipe, entre outras povoações, em companhia de sua esposa, Branca e uma linda orfãzinha de nome Rosalina, servidos por dois escravos, Ruperto e Silvano.