Página:Uma tragédia no Amazonas.djvu/19

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muito mais tenho feito por outros peregrinos; o que o senhor me pede não é um favor, pois que tenho obrigação de o fazer.

"Eu mesma levá-lo-ei, depois que houver ceado, até a embocadura do caminho, que poucos passos separam daqui."

A graciosa Branca falava com a naturalidade franca de uma provinciana brasileira.

— Minha excelente senhora, no meu coração agradecido se perpetuará a lembrança do acolhimento que me dais.

— Ora, não lhe admire isto, senhor, o que faço qualquer outro o faria, venha portanto provar, como o seu Otávio, do que para vós mandei preparar.

Enquanto Branca, a orfãzinha e os dois franceses tomavam assento em volta da mesa de jantar, coberta com uma toalha de linho e alumiada por um lampião de querosene, pois já era noite, cujo abat-jour fazia cair a claridade sobre um assado de carneiro, Silvano, contente, celebrava a recepção de quatro camaradas, companheiros de viagem do francês.

Todos eles deviam se ir munir do necessário em S. João do Príncipe, para continuar a jornada.

Correu a refeição perfeitamente, versando a conversação sobre as maravilhas vistas pelos viajantes.

Otávio e Rosalina tinham travado inocente amizade e, sem que o pai visse, aquele presenteara a esta com um pedacinho de ouro grosseiro, recebendo da menina uma mãozinha de coral que ela costumava trazer ao pescoço.

Já se erguiam da mesa, quando um assobio demorado e forte feriu os ouvidos de todos.