Página:Uma tragédia no Amazonas.djvu/38

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Para melhor e em menos palavras traduzir a prosperidade que reinava, basta dizer que Eustáquio, o qual já nutrira fortes desejos de deixar a província do Amazonas, se resolvera a permanecer em sua residência.

Resolução funesta.

As belas noites sucediam-se aos dias deliciosos, embora a temperatura, elevada exigisse freqüentes banhos no líquido refrigerante do Iapurá.

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Pusera-se a lua, escondendo segredos além das colinas, depois de oferecer ao olhos do mundo um arco delgado de luz.

Densas trevas envolveram os bosques em que se aninha S. João do Príncipe, realçando as estrelas que rutilavam no céu.

Flutuando na massa aquosa do Iapurá, poderia ver um objeto pouco alongado quem então passasse pela picada.

O objeto vogava mansamente.

Era uma canoa.

Seguiu até os terrenos do protetor de Rosalina e movendo-se parecia querer se ocultar sob as muralhas de rocha da margem.

Logo que parou, uma sombra de baixa estatura, saltou em terra, deu alguns passos, entrou no roseiral de Eustáquio, prestou ouvidos à porta e debaixo das janelas e assentada sobre a cerca levou tranqüilamente escutando uma hora inteira.

— Nada há de novo, disse enfim.

Levantou-se, e entrando na canoa voltou para o povoado.

Quem era essa sombra em breve saberá o leitor.