a copa do arvoredo, difundia-se em duvidosos clarões.
Assentados em círculo, conversavam.
Ouvi tanto falar em índios, dizia um, e entretanto ainda não vimos nem um só deles.
— É mesmo de pasmar, dizia outro. Há dous anos e tanto que nós vagamos por esses matos sem encontrar essa gente.
— Não falemos em índios, notou depois um terceiro. Contam tantas histórias dos tais sujeitos que eu nem quero pensar neles. Deus nos livre. Se nos agarrassem, nos tomariam tudo e só nos haviam de pagar com uns elogios ao gosto do nosso lombo.
— Eles comem gente. Não é? perguntou ingenuamente um negro velho, por não haver compreendido a frase do companheiro.
— Comem, respondeu esse companheiro, que olhou de repente para trás, como se tivesse ouvido rumor suspeito.
— E, se são índios que aí vêm, podemos já nos preparar, acrescentou ele, para darmos um passeio por suas tripas. Fica bem entendido que não entraremos inteirinhos.
Apesar de estar gracejando, a voz do negro denunciava medo.
— Que cousas está você dizendo? gritaram os outros. Onde viu índios, maluco?
— Escutem, disse ele.
Todos os negros se inclinaram para ouvirem melhor alguma cousa diferente do rumorejar do vento...
— Índios! Índios! bradou aterrado um deles, levantando-se. Os