Página:Ursula (1859).djvu/109

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hirtas, e regeladas, que só por sobre-humano esforço erguiam-se ainda para abençoá-la, e o coração partia-se-lhe de angústia.

Brilhou enfim a alvorada, que espantou essa noite tão longa, e de tantas dores. Luísa B. recobrou fictícios sinais de melhoras.

Úrsula, mais reanimada, tinha secado o seu pranto e, feliz pelas melhoras de sua mãe, procurava esquecer o desconhecido da mata, cuja entrevista desejava relatar à mãe; mas aguardava para esse efeito um dia em que esta se sentisse mais forte e vigorosa.

Úrsula receava incomodá-la com os seus receios, aliás tão bem fundados. Tinha razão – Luísa B., no aflitivo estado em que se achava, morreria instantaneamente vendo a filha querida de seu coração ameaçada por um homem, cuja fereza desenhava-se no seu aspecto.

Sim, Úrsula tinha razão, Luísa não poderia resistir a esse novo embate: era demais para uma fraca moribunda.

E alguns dias tinham-se já passado depois dessa noite de penosas comoções, e Luísa B. era ainda a mesma débil, esquálida enferma, mas terna e desvelada mãe, e parecia mesmo na aproximação da morte redobrar de afetos e de carícias, ameigando com ternura extrema sua inconsolável filha, toda pranto e saudades.

Um dia, porém, Luísa pareceu recobrar forças, que há muito a haviam abandonado, e a filha viu com prazer errar-lhe nos lábios um sorriso animador. Acreditou que suas lágrimas tinham tido o poder de arrancar a