Página:Urupês (1919).pdf/6

Wikisource, a biblioteca livre

Os Pharoleiros



AVIO?

Dava azo á duvida uma luz vermelha a piscar na escuridão da noite. Escuridão, não direi de breu, que não é o breu de sobejo escuro para referir um negror daquelles. De cego de nascença. vá.

Ceu e mar fundia-os um só carvão, sem fresta nem pique além da pinta vermelha, que, subito, se fez amarella.

— Lá mudou de côr, é pharol.

E como era pharol a conversa recahiu sobre pharóes. Eduardo interpellou-me de chofre sobre a ideia que eu delles fazia.

— A ideia de toda a gente, ora essa!

— Quer dizer, uma ideia falsa. "Toda a gente" é um monstro com orelhas d'asno e miolos de macaco, incapaz d'uma ideia sensata sobre o que quer que seja. Tens na cabeça, respeito a pharol, uma ideia de rua, recebida do vulgo e nunca recunhada na matriz d'uma impressão pessoal. E'rro?

— Confesso-me capaz de estarrecer um auditório de casaca, conferenciando sobre o thema: mas não affirmo que o pharol decripto se pareça com algum.