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Bucolica



ANTA chuva hontem... O cedrão do pasto fendido pelo raio — e hoje, que manhan!

A natureza orvalhada tem a frescura duma criancinha ao deixar o banho.

Inda la rolos de cerração vadia nas grotas.

O sol já nado e ella com tanta preguiça de recolher os pannos de neblina...

A vegetação toda a pingar orvalho, bisbilhante de gotas que cahem e tremelicam folhas, sorri como em extase.

Ha em cada vergontea folhinhas de esmeralda tenra, brotadas durante a noite. A mão de quem passa não resiste: colhe-as de alcance porque é um gosto mordiscar-lhes a polpa macia.

Meu Deus, o que vae de aranhóes pela relva! Nos galhinhos da joveva, nas flexas de capim, grandes e pequeninos, todos mimosos de desenho, tecidos a fio de seda...

Compraz-se a noite em agrumar nelles milhões de diamantesinhos que a luz da manhan irisa.

Mal-me-queres por toda a parte. Amarellos e brancos. E tanta flor sem nome...

— Flôr atôa, diz a gente roceira.

São, coitadinhas, a plebe humilima.

A nobreza floral mora nos jardins, esplen-