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O Mata-Pau



INCAROS arriba perambeiras abaixo, a serra do Palmital escureco de mataria virgem, sombria e humida, tramada de taquarussu’s, afestoada de pócas, com grandes arvores velhas por cujo tronco e galhaça trepam cipós, escorre a barba de pau a adherem musgos.

Quem sobe da varzea, transpostas as capoeiras da raiz, ao emboscar-se de chofre no frio tunnel vegetal que é ali a estrada, inevitavelmente espirra. E se é homem das cidades, pouco affeito aos aspectos bravios do sertão, depois do espirro abre a bocca, pasmado da paulama. Extasia-se ante a copa graciosa dos samambaiussu's, ante as borboletas azues, ante as orchideas, os lichens, tudo.

Soffrea o animal sem o sentir, mas não pára. Vae parar adiante, na Volta Fria, onde um broto d'agua gelada, fluente por entremeio de pedras limosas, o tenta a sorver um gole aparado em folha de caheté. Bebida a agua, e dito que nas cidades não ha d'aquillo, leva-lhe a vista o soberbo mata-páu que abalisa o grotão.

— Que raio de arvore é esta? pergunta elle ao capataz, pasmado mais uma vez.

E tem razão de parar, admirar e pergun-