Página:Várias histórias.djvu/298

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tu agora que deliras. Eia, prostra-te, deixa-me ligar-te os braços. Assim, bem, não resistirás mais; arqueja para aí. Agora as pernas...

Prometeu. — Acaba, acaba. São as paixões da terra que se voltam contra mim; mas eu, que não sou homem, não conheço a ingratidão. Não arrancarás uma letra ao teu destino, ele se cumprirá inteiro. Tu mesmo serás o novo Hércules. Eu, que anunciei a glória do outro, anuncio a tua; e não serás menos generoso que ele.

Ahasverus. — Deliras tu?

Prometeu. — A verdade ignota aos homens é o delírio de quem a anuncia. Anda, acaba.

Ahasverus. — A glória não paga nada, e extingue-se.

Prometeu. — Esta não se extinguirá. Acaba, acaba; ensina ao bico adunco da águia como me há de devorar a entranha; mas escuta... Não, não escutes nada; não podes entender-me.

Ahasverus. — Fala, fala.