Página:Viagem ao norte do Brasil (1874).pdf/179

Wikisource, a biblioteca livre
115

A noite todos occuparam as suas posições, e no fim de um quarto de hora quando vieram as velhas, todas juntas, e que principiaram a gritar na cova, responderam os franceses, imitando Jeropary, e ellas cheias de susto despararam a correr, e quando no caminho encontraram outros dois Jeropary, redobraram de esforços, e saltando por abrolhos e espinheiros chegaram á casa mais mortas do que vivas, e ahi sobresaltando a todos mandaram fechar as portas para que não entrasse o tal Jeropary.

Estava eu perto e muito gostei d’esta comedia por alcançar socego, visto não regressarem mais as velhas.

Morreo um selvagem, e foi enterrado na estrada perto de São Francisco, lugar no Forte de São Luiz.

Fora baptisado antes da sua morte, e com tudo, sem sciencia nossa, enterraram-no ahi e com as ceremonias que já descrevi. Mortifiquei-me muito com isto, ralhei bastante, porem não pude descobrir o culpado por já haver decorrido tres ou quatro dias.

Passando por ahi achei sua mulher, que voltava da roça, assentada sobre a sepultura, chorando amargamente, e espalhando n’ella algumas espigas de milho.

Indagando-lhe o que fazia, respondeo-me estar perguntando a seo marido si elle ja tinha partido, porque receiava haverem amarrado muito as suas pernas, e não lhe terem dado a sua faca, pois havia levado comsigo apenas o seo machado e sua foice, e que lhe trasia o milho para comer e partir no caso de já não ter mais provisões.

Fil-a sahir, mostrando como pude, a sua ignorancia e superstição.

Falleceo um menino com doença no ventre, de dois annos de idade, e duas horas depois de baptisado.

Eu, o Sr. de Pezieux, e outros franceses fomos amortalhal-o n’um lençol d’algodão.

Encontramos o corpo cercado por muitas velhas, fazendo algasarra capaz de quebrar uma cabeça de aço, carregado de missangas, que trasem para ahi os francezes, e de muitos