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chuvas, que por elle corre, e que serve de alimento ás ditas fontes: achando-se pois os mezes de setembro, outubro, novembro e dezembro muito longe das chuvas, é natural, que ás fontes aconteça o que já dissemos.

Quem quizer beber agoa muito fria, deve expol-a ao sereno, e na manhã seguinte está tão fria como gêlo, o que não lhe succederá se n’essa hora for buscal-a á fonte, porque sendo as noites em Maranhão muito frias, ellas tem muito mais força sobre uma porção d’agoa guardada n’uma vasilha, cercada de ar por todos os lados, do que sobre agoas sempre em movimento pela corrente, contidas em leitos baixos, cobertas e sombrias por todos os lados, e tendo a superficie apenas á vista.

Facilmente observa-se isto na Europa, durante o inverno, nas fontes e poços situados em lugares retirados e sombrios, pois nunca suas agoas se gelam, ou pelo menos se esfriam.

 


CAPITULO XXXIX

Singularidades de algumas arvores do Maranhão.[NCH 66]


As arvores do Maranhão, em sua maior parte, são duras e pesadas, porque a solidez nas coisas mixtas provem da boa cocção da humidade.

N’este paiz existe em igual abundancia tanto a humidade como o calor, cada um durante a sua estação: as chuvas tem seo tempo proprio para alagar a terra, e o calor tambem o tem para coser e digerir esta humidade, que é nutricção dos vegetaes, especialmente das arvores, que estendendo