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quanto é possivel, por dentro e por fóra, o que tambem fazem certas especies de moscas, de que ainda fallarei.

São as boccas d’estes potes proporcionaes aos seos tamanhos, com um buraco tão pequeno, em que cabe apenas um alfinete, por onde sahem os ovos para serem aquecidos pelo Sol.

Este pucaro costuma estar junto a uma arvore, ou n’uma folha de palmeira, e a terra de que é feito, muito se parece com a de Beauvais.

Enchem o pucaro de ovos, tapam no, e quando as mães julgam ja terem os filhos sahido da casca, destapam o buraco, e então sahem as aranhasinhas e acompanham-nas.

As aranhas dos mattos procedem de outro modo: roem as amendoas das nozes das palmeiras espinhosas, pouco a pouco e deitam fora tudo por meio de tres buracos naturaes, que tem estes fructos: depois ahi dentro fazem seus ninhos e depositam seos ovos.

São differentes as teias destas aranhas quanto a sua posição por ellas escolhidas.

As domesticadas armam suas teias nas rachas e entradas dos buracos, afim de agarrarem moscas e mosquitos.

Umas estendem suas teias nas arvores, de um ramo a outro, e de um arbusto a outro para agarrarem borboletas e outros bichinhos iguaes: outras tecem as teias por cima da terra para pilharem vermes, como sejam formigas e outros iguaes.

Algumas fazem teias tão fortes, que até n’ellas cahem lagartinhas, e então descem as aranhas, matam-nas por meio de um aguilhão, que tem em si, e depois chupam-lhe os miolos e o sangue, e só quando se fartam, é que as deixam.

Vi aranhas do mar, muito parecidas com as de terra porem maiores.[NCH 73] Habitam em buracos nas praias, e alimentam-se de peixinhos.

Dizem que chupam o sangue e o humor das cobras, iguaes as que mandei cortar em pedaços, e asseveram os selvagens,