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São tão furiosas, como as terrestres, e saltam da agua contra seos inimigos.

Machos e femeas veem-se livres dos filhos que trazem no ventre, á maneira das baleias, dos golfinhos e de outros peixes do mar.

Em Maranhão e seos contornos ha muita variedade de macacos:[NCH 78] uns grandes, fortes, barbados, e de sexo bem distincto, especie perigosa, e que nas mattas muito bem se defendem das invasões dos selvagens.

Contou-me um interprete que n’um certo dia um selvagem com uma flecha ferio a espadua de um destes macacos, e que elle tirou a flecha, arremeçou-a contra o selvagem e o ferio gravemente.

Atiram-se sobre as raparigas e mulheres, e forçam-nas si não são mais fortes do que elle.

Ha outros barbados, mais pequenos, que trazem mamas nos seios, e sexo bem visivel em lugar proprio.

São muito bem tratados pelos francezes: os selvagens os agarram atirando um projectil qualquer sobre elles, que cahem atordoados, e são assim amarrados.

Os triviaes são quasi que similhantes em sexo, e nem merecem descripção alguma.

Em geral os monos são agradaveis á vista.

Caminham um atraz do outro, e com tal cadencia no passo, que os que vem atraz assentam os pés e as mãos, onde assentaram os que foram adiante.

Fazem assim uma corda de duzentos á tresentos, e diria ainda mais, si não receiasse causar admiração ao leitor.

Achei-me muitas vezes nas mattas, onde elles habitavam e dir-vos-hei, sem precisar o numero, que vi grande quantidade d’elles na fórma ja dita.

Cousa agradavel o mais que se pode imaginar.

Arremeçam-se estes animaes de uma arvore a outra, de um ramo a outro, como faria um passaro bem voador, e o fazem com tal prestesa, que mal se vê.