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Nunca vão para longe das arvores: é o seo refugio apenas ouvem algum motim, ou vêem alguem, e por isso para as suas pescarias escolhem lugares proximos á arvores altas e copadas.

Si veêm passar uma canoa de selvagens, muito longe d’elles, saudam-nos rindo a seu modo, si se aproxima a canoa, fogem, e ninguem os pilha.

 


CAPITULO XLVII

Das aguias, dos passaros grandes e dos passarinhos d’aquelle paiz.


Na Ilha ordinariamente não se vêem aguias, porem ha muitas na terra firme, proxima a Maranhão.

Não são verdadeiramente tão grandes como a do velho mundo, porem são mais furiosas, atrevidas, e valentes, que accommettem os homens, e não fazem seos ninhos, sobre rochedos, como diz Job, Aquilla in petris manet «a aguia mora nos rochedos» porem entre as arvores.

Vou contar-vos á este respeito o que ouvi em Maranhão sobre duas aguias extraordinariamente ferozes, que vieram aninhar-se nos mangues d’Uy-rapiran, aldeiazinha na costa, distante legoa e meia do Forte de S. Luiz.

Mostraram-me o lugar, onde ellas viviam, n’um dia, em que passeiando pelo mar fui visitar um francez, morador n’essa aldeia.

Tinham essas aguias cortado ramos mais grossos do que uma côxa de homem, e tinham feito tão boas acommodações, que melhores não fariam doze homens.