Página:Viagem ao norte do Brasil (1874).pdf/262

Wikisource, a biblioteca livre
198

Deve estar prevenido o francez para não dizer e nem mostrar o que elles desejam, afim de trasel-os sempre na expectativa, si dos seos serviços quer aproveitar-se.

Deve responder-lhe — Y Katu paué «trouxe tantas coisas, cujos nomes nem mesmo sei, são bellas e magnificas.»

Esta resposta é como agoa lançada na fornalha ardente do ferreiro, a qual redobra o calor, e activa a chama, e assim desperta a curiosidade do selvagem, até por meios adulatorios, expressados por gestos, dizendo Eimonbeu opap-Katu «eu te peço, não me occultes nada, dize-me.» Yassoi-auok de Karamemo assepiak demae: «Abre-me tuas caixas, teos cestos, deixa-me vêr tuas mercadorias, tuas riquezas.»

Deve responder o francez Aimosanen ressepiak ou Kayren deué «agora não posso, deixa-me descançar, logo te mostrarei:» Begoyé sepiak «não duvides, um dia verás á tua vontade.»

O selvagem entende o que isto quer dizer, e vendo que perde seo tempo, diz a si mesmo, levantando os hombros, e como que se lastimando — Augé katut tegné, «pois bem, esperarei.»

Bem sei que não serei ouvido, porem, diz elle ao francez Dererupé xeapare amon? «Não trouxestes muitas fouces e machadinhos de cabo de ferro?»

Dererupé urá sossea-mon? «Trouxestes machados de cabo de pau?» Ererupé ytaxéamo? «Não trouxestes facas d’aço?» Ererupé ytaapen? «Trouxestes espadas d’aço?» Ererupé tatau? «Trouxeste arcabuzes?» Ererupé tatapuy seta? «Trouxeste muita polvora?»

Responde o francez a tudo isto Aru seta yagatupé giapareté «Sim, trouxe muita coisa boa e bonita.» Diz o selvagem Augé-y-pó «Muito bem.»

Ercipotar turumi? Ercipotar keré? «queres dormir? queres deitar-te?» Responde o francez Pa che potar «sim, quero dormir, deixa-me.»