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os francezes, e nem os Padres, especialmente si nos derem mulheres de França. Si eu tivesse, disse um d’elles, uma mulher franceza não queria outra, e faria tanta roça que havia de chegar para sustentar tantas francezas, como de dedos eu tenho nas mãos e nos pés, isto é, vinte, numero infinido para significar muito, porque depois de terem chegado a vinte, começam a contar de novo.

Levantando-se então elle, que era o Principal no meio do grupo, em que me achava, e batendo nas nadegas com quanta força tinha, disse Aça-uçu, Kugnan Karaibe, Aça-uçu seta, &. «Amo uma mulher francesa com todo o meu coração, amo-a extremosamente.»

Respondeo o Cão grande, tambem Principal — «prometteram-me uma mulher francesa, que desposarei na mão dos padres, e me farei christão como fiz meo filho Luiz-galante, e quero ter em pouco tempo um filho legitimo. Minha primeira mulher está velha, e por isso não precisa mais de marido, e as outras oito, ainda moças, as darei por esposas a meos parentes, e ficarei só com a mulher de França, e minha velha mulher para nos servir.»

Faziam outros iguaes discursos em suas cazas grandes e na minha residencia, ou quando me viam passar, contentando-me de referir apenas o que acima escrevi para mostrar o fervor d’estes barbaros, suscitado pelo Divino Espirito Santo.

Vox turturis audita est in terra nostra, para produzir de seo seio fechado e preoccupado por mil infecções estes bellos e amigaveis viadinhos, vox Domini præparantis Cervos, e em outro logar Cerva charissima e gratissimus hynnulus, cap. 5º dos proverbios, «a côrça muito estimada, e o templo muito lindo.»

Continuemos.

A estas palavras seguio-se logo a pratica, porque foram muitos meninos entregues ao Rvd. padre Arsenio, residente em Juniparan, e a mim, morador em São Francisco, perto do Fórte de São Luiz, para acudir aos francezes e receber os