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de seos irmãos, e póde dizer-se até os da propria França, o Padre Archanjo de Pembroke, que veio substituir de alguma forma o Padre Angelo de Joyeuse.

Eleito Provincial em 1609, e não deixando depois d’isto d’exercer importantes encargos, foi este Capuchinho, logo depois da partida do Padre Ivo, nomeiado director dos missões nas Indias orientaes e occidentaes. Os motivos, que fizeram abandonar mais tarde a missão do Maranhão, não foram declarados, ou para melhor dizer, não existiam. Archanjo de Pembroke resolveo ir pessoalmente ao Brasil dar consideravel impulso á pequena missão, que alguns mezes antes havia sido derigida por Francisco de Razilly.

Para este fim escolheo onze religiosos, de cujo zelo podia confiar: infelizmente ignoram-se os seos nomes, e apenas se sabe que entre elles havia um historiador, cuja Narração, nos parece de facto perdida, por não ter sido possivel encontral-a, apezar de todas as pesquizas feitas com constancia e perseverança por muitos mezes em Pariz, Ruão e Madrid.[1]

O Padre Francisco de Bourdemare pertenceo á classe d’esses ricos gentis-homens, que após á saciedade de todas as superfluidades da fortuna, de repente suffocam n’um carcere o que se chama orgulho do seculo e lembranças mundanas.

Havia ja alguns annos, que era viuvo: á seo filho entregou todas as suas herdades, e depois foi sepultar-se nos

  1. Sabemos d’esta obra por Guibert apenas, pois nenhuma outra bibliographia especial a menciona. Bourdemare publicou suas observações sob o titulo Relatio de populis brasiliensibus. Madrid. 1617 in 4.º Leon Pinelli falla de Frei J. Francisco de Burdemar (assim escreveo elle) como falla de Ivo d’Evreux por ouvir dizer. Affirma o Livro dos elogios ter emprehendido duas viagens á America, e afinal que morrera como forasteiro n’um dos Conventos da sua Ordem em Hespanha, um anno antes da publicação do seo livro. Parece-nos, que a expressão pelo biographo usada da palavra espanhola — forasteiro, quer dizer pura e simplesmente — estrangeiro.