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Depois que estendeo-se a fé por todo o universo, que foi por todos condemnada a pertinacia dos judeos e tida por vaidade a sabedoria humana, não foi mais necessario observar litteralmente estes signaes na conversão dos incredulos e sim unicamente a pratica allegorica e mistica.

Eis o que desejamos mostrar n’este capitulo ter-se feito todos os dias em Maranhão.

Primeiramente elle disse — In nomine meo dæmonia ejicient: «em meo nome elles expellirão os demonios.»

Em dois annos que estive em Maranhão, vi isto cumprido por diversas formas, por que os diabos fizeram apparecer realmente o medo e o temor que tinham do nome de Deos, procurando por todos os meios embaraçar nossa missão, já persuadindo seos feiticeiros, mais fieis, a ordenar as nações sobre que tinham poder, de não se aproximarem de nós, já infundindo-lhes terror com o signal da Cruz e excitando-os a arrancar os que existiam, dando maus exemplos com ridicularisar o que sanctamente ensinavamos a estes barbaros, intimidando por muitas vezes os habitantes de Maranhão, Tapuitapéra, Commã, Caetés, Pará e Mearim e fazendo-os fugir para os matos e logares desconhecidos com receio de serem presos e captivados pelos francezes ou pelos portuguezes.

Finalmente mostrou-se tudo de forma diversa, porque quando julgavamos tudo perdido, foi quando Deos mostrou o poder do seo nome, conservando não só estes selvagens junto de nós, mas tambem fazendo com que despresassem seos feiticeiros e o poder do diabo, fazendo fugir Jeropary, com o nome de Deos, e a ablução de Jesus Christo.

Vou mostrar bons exemplos.

Lembrar-vos-heis do que acima vos disse tanto dos feiticeiros dos campos do Mearim e das habitações de Thion, como da maneira porque os diabos manifestavam o temor, que tinham das cruzes, que plantavamos em nome de Jesus Christo, e de nós seos fieis servos: quando alguns de seos Principaes me diziam, que estes feiticeiros não quiseram vir