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com elles, eu lhes perguntava a razão, e elles me respondiam — porque Jeropary tem medo de Tupan.

Acaiuy, principal do Mearim, de quem fallaremos mais de espaço, veio me pedir licença para fazer sua casa ao pé da minha, não querendo ficar com os outros no Forte, dizendo-me entre outras rasões que tinha para isto, ser porque Jeropary não se atrevia a aproximar-se do logar, em que habitavamos visto termos vindo expressamente para repellil-o.

Pedro Cão, selvagem baptisado em Dieppe havia muitos annos, dizia a mim e aos Srs. de la Ravardiere, de Pezieux, e a outros quando o interrogavamos á respeito de sua felicidade na guerra, que Deos sempre o livrára de mil perigos porque era christão, e fazia fugir o diabo apenas chegava n’uma aldeia, e que seos similhantes mostravam-se animados, quando em companhia d’elle, não temendo Jeropary.

O mesmo pensavam os habitantes de Tapuytapéra á respeito dos novos christãos, julgando que elles perseguiam e faziam fugir Jeropary, mostrando-se contentes por isto quando tinham esses christãos em suas aldeias.

Servindo-nos d’estas crenças embutiamos no espirito dos cathecumenos como ponto de fé, que logo que elles fossem lavados, adquiririam poder contra o diabo, e nunca mais deviam temel-o.

Corre voz geral em todas estas terras, que os diabos são espiritos maus, que temem os Pays e os Caraybas, isto é, os padres e todos os que são baptisados.

Recorda-me que fallando mil vezes d’esta materia aos selvagens, elles me disseram — Jeropary yportassuasseque gésera — «o diabo está agora pobre e miseravel, tem muito medo e já não é atrevido como era.» Jeropary ypochu, Tupan Katu «o diabo é mau, cruel e nada valle, porem Deos é muito bom.»

Que desejarieis mais para o complemento d’este primeiro signal, e segurança da total ruina do diabo?