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eo chapeo, meo gibão, meo borzeguim, minha camisa[1]

Não pude ouvir mais com receio de arrebentar de riso.

Disse-lhe ser bastante, que só por isto eu fazia ideia d’elle não ter perdido seo tempo.

O bom homem pressuroso interrompeo-me dizendo ter ainda que dizer-me.

Levantou-se do seo logar, tomou todos os utencilios do meo quarto, e mostrando-me um apoz outro disse-me, que elle de tudo sabia o nome em francez.

Aproximando-se de minha mesa, e agarrando-a com duas mãos, dizia — elle ainda sabe o nome d’isto em francez.

Dirigio-se a seu filho, e perguntou-lhe se era verdade o que dizia. Sim, respondeo-lhe o moço, e ainda mais, pois chamaria pelo nome tal e tal francez, bem como tambem sabia a denominação das armas: Um arcabuz, que faz puf, uma espada, um canhão, que faz pataú.

Mas, disse-lhe o pae, bem depressa saberás o resto?

Sim.

Muito bem, replicou o pae, não deixes de vir todos os dias recitar tua lição diante do padre.

Deixando-lhe toda a liberdade de fallar afim d’eu poder conter o riso, e d’elle dar expansão ao seo fervor, que não era isto, que eu exigia para conferir-lhe o baptismo, e sim o conhecimento de Deos e de outras coisas dependentes da nossa religião.

Ficou admirado de ouvir-me, reconhecendo inutil a estima que elle tinha de vêr seo filho, grande doutor, e parecendo não entender até o que eu lhe dizia.

Pelo interprete expliquei-lhe o meu pensamento, e elle respondeo-me não ter ouvido ainda fallar n’isso, mas que

  1. Em francez muito mal escripto estão estas palavras, é impossivel traduzil-as com taes erros. — Do traductor.