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prophetas de Deos e de Tupan, e em sua linguagem padres Carribain, Matarata.[NCH 115]

Depois que aqui chegamos temos tido muito boas noticias.

Os indios do Pará, outro povo, de um lado visinho do Amazonas, e do outro d’este povo, onde existem somente cem mil homens, desejam muito que lá vamos instruil-os.

Embora messis multa, operarii autem pauci «seja grande a colheita, são poucos os operarios.» Si quizessemos desde ja se baptisaria grande parte.

É certo que «regiones albescunt ad messem,» estas regiões aqui enbranquecem mostrando a necessidade de ceifa, felizmente chegou o tempo de ser Deos aqui adorado e reconhecido.

Agora estamos procurando lugar para nos acommodar e fazer uma Capella, até que cheguem de França pedreiros para edificarem uma Igreja.

Existem muitas mattas virgens, que convem arrotear antes.

Não posso descrever-vos agora o grande contentamento dos selvagens pela nossa chegada.

Dão-nos boa esperança de se converterem. Todo este povo ainda que bruto e selvagem mostrou-se contente com a nossa chegada, tem vindo vêr-nos com muita alegria, manifestando grande desejo de instruir-se no christianismo.

Creio que quando soubermos a lingua d’elles haverá muito que colher, com grande satisfação para os que tem zelo pelas coisas de Deos e pela salvação das almas.

Preparam todos os seos filhos para nos trazerem afim de serem por nós instruidos, e ja nos prometteram não mais comer carne humana. São muito bonachãos, e não maliciosos. Por unica religião apenas creem em Deos, que chamam Tupan, e na immortalidade da alma.

Quanto ao paiz é terra fertil e muito boa, onde não ha frio, e sim estio constante; ninguem conhece o que é frio, e as arvores estão sempre verdes.