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morava na rua de Sam Thiago no Folle de oiro, e não na Biblia de oiro, que depois tomou por divisa.

Si foi ferido na prosperidade, foi justamente por haver permittido, que mão impia privasse a França por mais de dois seculos do livro precioso, de que tinha sido edictor, e que hoje entregamos a publicidade, graças a uma d’essas empresas litterarias tão raras em nossos dias, onde a honra das letras é o pensamento dominante e superior a todas as considerações.

O volume, que servio para a nossa reimpressão é encadernado em marroquim encarnado, semeiado do flores de lys de oiro, e com as armas de Luiz XIII. Faz parte da reserva sob n.º 01766 da Bibliotheca Imperial de Pariz.

3 (pag. 9).

A capital do Maranhão occupa ainda hoje o mesmo lugar escolhido por seos antigos fundadores. Está situada a 2° 30′ e 44″ lat. austral e 1° 6′ e 24″ de long. oriental do meridiano do Forte de Villegagnon, na bahia do Rio de Janeiro.

La Ravardiere e Rasilly escolheram para edifical-a a ponta de terra O d’uma pequena peninsula, ligada á ilha do Maranhão pela calçada do Caminho grande.

Os rios Anil e Bacanga, vindos de diversos pontos da ilha confundem suas agoas na mesma embocadura e formam vasta bahia. A elevação, que se apresenta ao S do Anil, á E e ao N. do Bacanga (lugar onde se confundem as agoas d’estes dois pequenos rios) é o lugar primitivo onde se levantou a cidade nascente collocada sob o patrocinio de Sam Luiz.

A cidade de Sam Luiz, elevada em 1676 á dignidade episcopal por uma Bulla de Innocencio XI, conta nunca menos de 30 mil habitantes, e está situada em terreno docemente ondulado, sempre, em todas as estações, carregado de rica vegetação, e assim offerecendo aos viajantes panorama encantador. (Vide Corographia Brasilica, Will. Hadfield, Milliet de St. Adolphe, e principalmente os Apontamentos estatisticos