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e as luctas tempestuosas, que houveram neste canto ignorado do mundo até 1848, quando o Dr. Furtado conseguio reprimir a horda, que assolava esta cidade nascente.[1]

A propria naturesa, por si só, é grande n’estas regiões: 20 mil habitantes formam a população d’este vasto municipio, empregado superficialmente na agricultura.

Na distancia, em que nos achamos, estas revoluções tão cumpridas para serem contadas, assimilham-se ás da idade media, que a historia local as vezes registra, mas que facilmente esquece visto não ligar-se á algum dos grandes interesses, que prende a attenção do mundo.

  1. Mr. Ferdinand Diniz foi illudido por escriptos politicos, embora habilmente manejados porem sempre com paixão.
    Não foi o Conselheiro Furtado a quem se deve esse estado de paz, e sim a outro cidadão como ja disse no meo Diccionario neste trecho que para aqui transcrevo.
    — Durou este triste e lamentavel estado de ferocidade ou dezespero até o tempo, em que o fallescido Dr. Eduardo Olympio Machado perante os escolhidos da Provincia em 1851 recitou estas palavras:
    «A febre homicida, que ía lavrando pelo municipio de Caxias, tem feito, vae para tres mezes, prolongada remissão. E qual o reagente que conseguio acalmar seos lugubres accessos? A energia e actividade do actual delegado de policia o Dr. João de Carvalho Fernandes Vieira, o qual, formando culpa aos delinquentes, perseguindo-os com incansavel zelo, devassando as casas de certos individuos, que até então contavam, senão com acquiescencia, com o silencio da auctoridade publica, tem conseguido restituir á tranquilidade o districto de sua jurisdicção.»
    Foram estes valiosos e importantes serviços apreciados pelo Governo Central, pois mandou por mais de um Aviso louvar o Dr. João de Carvalho.
    D’ahi a poucos annos houve quem intentasse arrancar esses louros da fronte do energico e activo ex-juiz municipal e delegado de policia de Caxias para offerecer a outro, que nada fez, não cuidando da historia que tudo registra e a todos faz justiça!
    Esta acção, por demais injusta, nos faz lembrar estes versos do poeta de Mantua:

     Hos ego versiculos feci: tulit alter honores Sic vas non vobis, nidificates, aves etc etc.


    Do traductor.