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49 (pag. 114).

Não se esqueciam os Tupinambás de collocar, entre as suas singulares previsões para o morto, um pouco de tabaco, carne, peixe, raizes de cará e de farinha de mandióca. É rigorosamente verdadeiro tudo o que o padre Ivo conta n’este capitulo, como se pode vêr nas estampas que apresentam Thevèt na France antarctique, e Lery na sua voyage.

50 (pag. 117).

Os Tapuytapéras, cujo nome deviam á uma localidade do Maranhão, tinham cabellos cumpridos. Pertenciam á raça Tupy, pois que Migan, o interprete natural de Dieppe, entendia sua linguagem, e o mesmo succedia aos de Commã, cuja aldeia tinha indios com este nome.

Os Cahetés, no seculo XVI, constituiam uma nação essencialmente bellicosa occupando a maior parte do territorio de Pernambuco. Fallavam a lingua Tupica, ou lingua geral. Encontram-se as mais curiosas particularidades á respeito de sua organisação interna no Roteiro do Brasil, manuscripto existente na Bibliotheca Imperial de Pariz.

Hoje está sabido, que este livro, tão notavel, composto em 1587 por Gabriel Soares, é o trabalho mais completo, que existe sobre as diversas tribus do Brasil existentes no tempo do padre Ivo.

Passados muitos annos a Academia Real das Sciencias de Lisboa, reconhecendo a sua importancia, imprimio-a nas suas Noticias das nações ultramarinas, e depois o Sr. Francisco Adolpho de Varnhagem, colleccionando todas as copias d’esta mesma obra, embora sob diversos titulos, publicou uma nova edicção superior á todas, sob o titulo de Tratado descriptivo do Brasil em 1587, obra de Gabriel Soares de Sousa, senhor de engenho na Bahia, nella residente dezesete annos, seo vereador da Camara. Rio de Janeiro. — 1851 em 8.º