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XXIX

Malherbe tambem a respeito d’elles entreteve por muito tempo o douto Peiresc, por meio de cartas, onde dizia que a paz e a alegria estava em imital-os.

Suas dansas inspiraram os mais delicados cortesãos, e um dos mais habeis artistas de Pariz fez com as suas arias uma especie de dança muito agradavel, cuja descripção nos deixou o poeta.[1]

Poderiamos ainda citar outros exemplos d’esta subita predilecção pela independencia dos pobres indios, e especialmente pelo magnifico paiz, que habitam.

Conforme estes poetas, a cuja frente deve collocar-se Bartas,[2] é n’esta fonte vital, que pode restaurar-se por novas comparações um estro quasi a exhaurir-se.

Sem duvida alguma todos estes antigos viajantes, completamente esquecidos durante um seculo, exerceram real influencia no seo tempo, e ainda mais alem, como se pode provar á vista dos escriptos de Chateaubriand: a singelesa de suas narrações e a frescura de suas pinturas inspiraram os grandes escriptores, já cuidadosos de abandonarem nas suas descripções os typos ajustados ou estudados, e de influirem ou attrahirem só pela verdade.

  1. Vide a «Correspondencia e a Collecção Peiresc.»
  2. Este estimavel escriptor deo d’isto uma prova no seo poema da primeira semana, somente impresso em 1610 embora fallecesse seo auctor em 1599.

     Ja o ardente Cocuyo á Nova Espanha Vai nas azas dois fachos conduzindo, Outros dois flamejando ergue na fronte. Á luz d’este esplendor de regios leitos Nos cortinados arabescos pintam-se, Á luz d’este esplendor em noite negra O habil artesão o marfim pule, Conta o avaro, no cofre, seu thesouro, Veloz o escriptor a penna guia. Traducção do Sr. J. T. de Souza.