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mulher Paulista, e não lhes achei mau gosto.» (Vide Le second voyage au Brésil. T. 2.º pag. 181).

Martim Soares de Souza, com rasão chamado o Gregorio de Tours dos Brasileiros, é mais claro a respeito do proveito que os indios tiravam das formigas como alimento.

Copiamos aqui o que elle tão curiosamente disse. Depois de haver fallado da especie grande, a que chamam Içans, escreveo — «E estas formigas comem os indios, torradas sobre o fogo, e fazem-lhe muita festa; e alguns homens brancos andam entre elles, e os mistiços as tem por bom jantar, e o gabam de saboroso, dizendo que sabem a passas de Alicante: e torradas são brancas dentro.»

71 (pag. 156).

O pretendido cão, de que aqui falla o nosso Missionario, está muito longe da raça canina: é apenas o papa-formigas, chamado pelos indigenas tamanduá, e pela sciencia Myrmecophaga jubata.

O naturalista Waterton, que com tanta curiosidade estudou os quadrupedes do novo mundo nos proprios lugares, onde com plena liberdade se entregam aos seos instinctos, fez excellente descripção d’este animal.

Ha no Brasil muitas especies de papa-formigas, sendo rarissima a chamada pelos portuguezes Tamanduà-cavallo: parece ter sido este sobrenome o causador de haver o padre Claudio d’Abbeville errado, quando disse ser o papa-formigas do tamanho de um cavallo.

A palavra india, que designa este curioso animal, é composta de duas Tupis — taixi, «formiga,» e mondê ou mondâ, «tomar.»

72 (pag. 157).

Deve escrever-se Taranyra, cujo nome pertence a um pequeno lagarto. Falla-se aqui do Tiú (Tupinambis monitor).