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isso foi elle em Sam Luiz julgado como o primeiro fundador do Convento da sua Ordem.

Vamos ainda dizer uma palavra para acabar estas notas. Serão ellas ainda um dia completadas pelo trabalho, que ha de preceder a Relação do Padre Claudio d’Abbeville, e si se quizer, o podem ser ja, consultando se varias obras francezas contemporaneas, absolutamente despresadas, sob este ponto de vista, pelos historiadores da America. N’este caso, entre outros, está o padre Pedro du Jarric, pois, na verdade, ninguem pensaria achar n’uma Historia das Indias orientaes todos os factos religiosos, acontecidos em Maranhão antes de 1607.

Consultando-se o 5.º volume d’esta volumosa obra, encontra-se a tragica historia dos padres Francisco Pinto e Luiz Figueira, jesuitas portuguezes, os primeiros que visitaram os desertos desconhecidos, cujo littoral occuparam os francezes.

Francisco Pyrard, o viajante Belga, residente na pequena cidade de Laval, nos contou tambem na sua Relação das Indias e especialmente das Ilhas Maldivas, o que na Europa se pensava do Brasil no tempo, em que viveo o padre Ivo. Não trata do Maranhão, e bem o podia fazer.

Deve ainda dizer-se que esta bella provincia, conhecida mais pela obra de Mr. Herald do que por outras antigas, ficou por muito tempo fóra da toda a vida politica.

Doada a principio aos filhos de José de Barros, o famoso historiador das Indias, só foi conhecida na Europa por uma lastimavel catastrophe, pois era esquecida apesar da fertilidade e da magnificencia da sua vegetação.

Apparece comtudo n’um dos monumentos geographicos mais importantes, onde se verificou o que era o Brasil no seculo XVI: queremos fallar da bella Carta de Gaspar Viegas, que tem a data de outubro de 1534, hoje na Bibliotheca Imperial de Paris.

Nenhum historiador até hoje ainda a mencionou, apezar de sua exactidão tão admiravel para aquelles tempos e ainda