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Chamava-se elle no seculo Diniz de Atahide, e seguira a carreira das armas primeiro, depois a das lettras. Com distincção, e quasi com paixão, tomára parte na campanha da Peninsula e a fizera quasi toda; mas desgostoso do serviço ou despreoccupado da glória militar, entrou na magistratura para que estava habilitado, e em 1825, do logar de corregedor do Ribatejo, em que ja fôra reconduzido, devia passar á casa do Porto.

Foi a Lisboa receber o seu despacho, beijou a mão a elrei, e d’ahi tomou um dia o caminho de Santarem, chegou áquella villa, deixou criados e cavallos na estalagem, e foi tocar á campa da portaria de San’Francisco.

Os criados esperaram em vão muitos dias: elle não voltou.

Desappareceu do mundo Diniz de Atahide, e d’alli a dous annos appareceu Fr. Diniz da Cruz, o frade mais austero e o prégador mais eloquente d’aquelle tempo. Raro prégava, e so de doutrina; mas era uma torrente de vehemencia, uma uncção, uma fôrça!..