Joanninha não lhe tinha medo, mas o respeito
que lhe elle inspirava era misturado de uma
aversão instinctiva, que, por
contradicção inaudita
e inexplicavel, a deixava sympathizar com
tudo quanto elle dizia e professava: doutrinas,
opiniões, sentimentos, tudo lhe agradava no frade,
menos a pessoa.
Não assim Carlos, o primo, o companheiro, o unico amigo da nossa Joanninha, o outro neto da velha por sua filha. Andava elle ja no último anno de Coimbra e ia formar-se em leis, quando Fr. Diniz da Cruz começou de novo a frequentar a casa que Diniz de Atahide tinha abandonado.
Sôbre esse a inspecção do frade era minuciosa, vigilante, inquieta. Os livros que elle lia, os amigos com quem vivia, as ideas que abraçava, as inclinações para que pendia — de tudo se occupava Fr. Diniz, tudo lhe dava cuidado. A elle directamente pouco lhe dizia, mas com a avó tinha longas conferencias a esse respeito.
Ultimamente parecia satisfazer-se com o geito que o mancebo indicava tomar.