Página:Viagens na minha terra, v1 (1846).pdf/182

Wikisource, a biblioteca livre
— 168 —


eu sou obrigado a dizer-lhe é isto. Minha avó consentiu, por fraqueza de mulher, no que eu não posso nem devo consentir. O que ha n'ésta casa não é... não é meu; o pão que aqui se come... é comprado por um preço... Padre! ja ve que não podêmos fallar mais n’este assumpto. Eu parto ámanhan para Lisboa. — Minha avó!’ acrescentou Carlos, mudando de voz e chamando para dentro ’minha avó!’

A velha acudiu, elle disse-lhe a sua tenção, motivou-a em opiniões politicas, declamou contra D. Miguel, mostrou-se enthusiasta da causa liberal, e protestou que, n’aquelle anno, de tal modo se tinha pronunciado em Coimbra e ainda em Lisboa, que só uma prompta fuga o podia salvar...’

A velha chorou, pediu, rogou... inutilmente, em vão.

Fr. Diniz assistiu a tudo isto sem dizer palavra.

E aquella tarde voltou mais cedo para o convento.