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das montanhas... Era um rouxinol, um dos queridos rouxinoes do valle que alli ficára de vela e companhia á sua protectora, á menina do seu nome.

Com o approximar dos soldados, e o cochichar do curto dialogo que no fim do último capitulo se referiu, cessára por alguns momentos o delicioso canto da avezinha; mas quando o official, postadas as sentinellas a distancia, voltou pé ante pé e entrou cautellosamente para debaixo das árvores, ja o rouxinol tinha tornado ao seu canto, e não o suspendeu outra vez agora, antes redobrou de trillos e gorgeios, e do mais alto de sua voz agudissima veio descahindo depois em uns suspiros tam magoados, tam sentidos, que não disseras senão que preludiava á mais terna e maviosa scena d’amor que esse valle tivesse visto.

O official... — Mas certo que as amaveis leitoras querem saber com quem trattam, e exigem, pelo menos, uma esquissa rapida e a largos traços do novo actor que lhes vou appresentar em scena.

Teem razão as amaveis leitoras, é um dever de romancista a que se não póde faltar.