Página:Viagens na minha terra, v1 (1846).pdf/224

Wikisource, a biblioteca livre
— 210 —


á luz ainda bastante do crepusculo. ’Joanninha!’ disse outra vez, contendo a violencia da exclamação: ’É ella sem dúvida. Mas que differente!... quem tal diria! Que graça, que gentileza! Será possível que a criança que ha dois annos?..’

Dizendo isto, por um movimento quasi involuntario lhe tomou a mão adormecida e a levou aos labios.

Joanninha estremeceu e acordou. — 'Carlos, Carlos!' — balbuciou ella com os olhos ainda meio-fechados, Carlos, meu primo... meu irmão! era falso, dize: era falso? Foi um sonho, não foi, meu Carlos?..’ E progressivamente abria os olhos mais e mais até se lhe espantarem e os cravar n’elle arregalados de pasmo e de alegria. — 'Foi, foi’ continuou ella 'foi sonho, foi um sonho mau que eu tive. Tu não morreste... Falla á tua irman, á tua Joanna; dize-lhe que estás vivo, que não es a sombra d’elle... Não es, não, que eu sinto a tua mão quente na minha que queima,