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Joanninha, tornada a si d’aquelle quasi paroximo, abria e fechava os olhos para se affirmar se estava bem acordada, tocava com as mãos o rosto, o peito, os braços do primo, palpava-se depois a si mesma como quem duvidava de sua propria existencia, e dizia em palavras cortadas e sem nexo:

— 'É Carlos... Carlos: foi falso. É meu primo... Minha avó tambem sonhou o mesmo sonho, mas foi falso. Fr. Diniz não é o que disse, nem ninguem: eu e a avó é que o sonhámos. Mas elle aqui está, vivo... vivo! e nosso, nosso todo outra vez!... Mas como vieste tu aqui, Carlos? Como estava eu aqui comtigo?... E sos, sosinhos aqui a ésta hora! Não deve ser isto... Valha-me Deus! E que dirão? E Jesus! — Lá isso não me importa; deixá-los dizer: mas não deve ser. Vamos, Carlos, vamos ter com ella, vamos para a avó!... Que n'isto não ha mal nenhum... Meu primo!.. um primo com quem eu fui criada!.. Mas quem não souber, póde dizer... Vamos, Carlos. — Oh! minha avó morre de alegria, coitada!.. É verdade: vou adeante preveni-la, prepará-la... heide-lhe ir assim dizendo pouco a pouco... Segue-me tu, Carlos, e vamos. — Mas, oh meu