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não cuide que são quaesquer d’essas rabiscaduras da moda que, com o titulo de Impressões de Viagem, ou outro que tal, fatigam as imprensas da Europa sem nenhum proveito da sciencia e do adiantamento da especie.

Primeiro que tudo, a minha obra é um symbolo... é um mytho, palavra grega, e de moda germanica, que se mette hoje em tudo e com que se explica tudo... quanto se não sabe explicar.

É um mytho porque — porque... Ja agora rasgo o veo, e declaro abertamente ao benevolo leitor a profunda idea que está occulta debaixo d’esta ligeira apparencia de uma viagemzita que parece feita a brincar, e no fim de contas é uma coisa séria, grave, pensada com um livro novo da feira de Leipsick, não das taes brochurinhas dos boulevards de Paris.

Houve aqui ha annos um profundo e cavo philosopho d’alêm Rheno, que escreveu uma obra sôbre a marcha da civilização, do intellecto — o que diriamos, para nos intenderem todos melhor, o Progresso. Descobriu elle que ha dois principios no mundo: o espiritualista, que marcha