sem attender á parte material e terrena d’esta
vida, com os olhos fittos em suas grandes e abstractas
theorias, hirto, sêcco, duro, inflexivel,
e que póde bem personalizar-se, symbolizar-se
pelo famoso mytho do cavalleiro da Mancha,
D. Quixote; — o materialista, que,
sem
fazer caso nem cabedal d’essas theorias, em
que não crè, e cujas impossiveis
applicações declara
todas utopias, póde bem representar-se
pela rotunda e anafada presença do nosso amigo
velho, Sancho Pança.
Mas, como na historia do malicioso Cervantes, estes dois principios tam avessos, tam desincontrados, andam comtudo junctos sempre; ora um mais atraz, ora outro mais adiante, impecendo-se muitas vezes, coadjuvando-se poucas, mas progredindo sempre.
E aqui está o que é possivel ao progresso humano.
E eisaqui a chronica do passado, a historia do presente, o programma do futuro.
Hoje o mundo é uma vasta Barataria, em que domina elrei Sancho.