Página:Vida e morte de M J Gonzaga de Sá (1919).djvu/160

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porém, foram ditas com paixão redobrada. Antes de sentar-se, olhei-o um instante. Sorria com um sorriso parado e cheio d’alma; parecia ouvir alguém invisível... O anjo Gabriel, talvez. Era como um Maomé que se preparava para levar seu pobre povo, em cem anos, dos Pirineus às Ilhas de Sonda! O sorriso se desfez em seus lábios, à proporção que se sentava. Sentado, disse a esmo:

— Não; a maior força do mundo é a doçura. Deixemo-nos de barulhos...

Despreocupadamente, sossegadamente, durante horas estivemos a ver os patos no lago e a conversar sobre coisas de pequena importância. Os combustores já estavam acesos, quando saímos para jantar. Tomamos a sopa num restaurante de uma rua central, e Gonzaga pôs-se a me dizer:

— Não repares naqueles palavrões de há pouco. Foram saudades do Romualdo, pesar pela sua morte... Eu o estimava de veras, e, na minha vida, só encontrei aquela, estranha ao meu círculo, para me amar e me sentir. Na minha idade, tu também deves saber, um golpe desses traz manifestações indiretas, mas violentas.

Tirou o lenço e passou um instante pelos olhos. Esgotou o prato e emendou: