Página:Vida e morte de M J Gonzaga de Sá (1919).djvu/162

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É verdade que, em certas ocasiões, quase o sentia dessa maneira; mas, nestas, sempre se tratava dele, e não há quem o não seja a seu próprio respeito. Durante os quase dois dias em que o vi em presença da morte de um amigo, ele se transfigurara inopinadamente, num sentimental vulgar, exatamente igual a qualquer homem. Desesperava por compreendê-lo, fiz todas as hipóteses, combinei-as, sem que o tivesse perfeitamente compreendido, confesso; e até o presente, quando ligo os diferentes modos de ser com que ele se me apresentou hoje, ontem e amanhã, em vários momentos e horas, é tal a incoerência, é tal a falta de ligação dos seus atos, que o vejo na memória como o vi naquela tarde, em um café, a circunvagar o olhar por tudo:

— Enigmático!

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Deixando o hotel, ao chegarmos à Avenida Central, havia um movimento por ela acima. Subimos até o pavilhão Monroe. O público noturno de domingo, nas ruas, tem uma certa nota própria. Há os mesmos flaneurs, artistas, escritores e boêmios; os mesmos camelots, mendigos e rodeuses, que dão o encanto do pitoresco à via pública. No domingo,