Página:Vida e morte de M J Gonzaga de Sá (1919).djvu/184

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do traje, não o podia acompanhar em primeira como ele queria; entretanto, abotoou-se bem, fez com que as calças caíssem com justeza sobre as botinas, amarrou bem a gravata, perfumou-se, e fomos com antecedência comprar os bilhetes. Quando saltamos na porta do Teatro, já começavam os carros a chegar. Em geral, os coupés traziam três pessoas, e, as vitórias, seis, sem contar o nhonhô na boleia, ao lado do cocheiro. Havia um único palafreneiro para todos os carros. Logo que um apontava no canto da rua Senador Dantas, o pobre homem corria e seguia emparelhado ao veículo até o ponto justo de abrir a portinhola. Se, por acaso, um chegava trazendo o número normal da lotação e com ajudante de cocheiro próprio, causava pasmo. Era como se fosse uma carruagem de príncipe. Dos “ceroulas” é que saltava o grosso dos frequentadores. E, ainda uma vez, eu me admirei que gente que pagava vestidos e trajes tão caros não pudesse vir em carruagens condignas e menos abarrotadas. Em certo momento, Gonzaga de Sá me disse, sem que nem por que:

— Mete dó, não ofende, este luxo...

A sineta anunciou o espetáculo. Entramos. Poucas vezes fora eu ao antigo Pedro II,