Página:Vida e morte de M J Gonzaga de Sá (1919).djvu/26

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teve para attingir de carruagem a sua — morreu o ousado innovador, o philosopho do methodo experimental, o autor da grandeza scientifica e industrial de nossos dias.

De Gonzaga de Sá, vou contar-lhes as suas cousas intimas e dizer-lhes, antes de tudo, como morreu, para fazer bem resaltar certos trechos e particulares que serão mais tarde contados, de sua bella obscuridade. Narremos os factos.

Nós tinhamos tratado de encontrarmo-nos no terraço do Passeio Publico, para ver certo matiz verde que o céo toma, ás vezes, ao entardecer. Fui esperal-o com pressa de conversar com elle e admiral-o. Pouco olho o céo, quasi nunca a lua, mas sempre o mar. Embora o não encontrasse logo, o espectaculo do mar distrahiu-me. Mas contemos as coisas por meúdo.

Quando cheguei ao terraço do Passeio, já os morros de Jurujuba e de Niteroy haviam perdido o violeta com que eu os vinha vendo cobertos pela viagem de bonde a fóra; sobre a Armação, porém, pairava ainda o jorro de den- sas nuvens luminosas, por onde, nas oleogra- phias devotas, acostumamos a ver surgir os santos e anjos da nossa fé.

Fazia uma tarde dubia, de luz irregular e