Página:Vida e morte de M J Gonzaga de Sá (1919).djvu/85

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Segui o “papel” até a mesa de Gonzaga de Sá, a quem expus a atroz dificuldade. À luz da leitura vagarosa do processo, o simpático informante considerou bem o caso; e, em breve, sorrindo com a sua úmida boca de moça, perguntou-me:

— Porque não se houve a Secretaria da Propaganda, em Roma?

Logo, porém, tomando da pena, num papagaio, pôs-se a informar com a solenidade requerida. Fora tão brusca a passagem de uma atitude à outra, e os gestos revelaram-me tão bem as suas duas pessoas, que senti imediatamente como se escondia sob aquelas formalidades passageiras a palpitação moça de uma inteligência livre, que se adaptara superiormente ao feitio espiritual de sua terra e à sua própria fraqueza de gênio prático. Foi verdadeiramente daí que nasceram as nossas relações. Por meses seguidos, nós nos encontramos rapidamente, cumprimentando-nos com as maiores arras de simpatia. Insensivelmente, esses encontros demoraram-se, e, portanto, melhor eu pude ir percebendo que se ocultava sob o seu azedume habitual uma grande alma compassiva. Em começo, pareceu-me que ele sistematizara o ressaibo amargo de alguns pequenos desgostos, para formar um temperamento original;